Sillicon Valley Conferece 2018: eu fui! Resenha do evento.

Representando a Fundação de Desenvolvimento Científico e Cultural (FUNDECC), da Universidade Federal de Lavras (UFLA), participei junto à Francine Hudson do Sillicon Valley Conferece 2018, realizado em São Paulo pela StartSe, uma jovem empresa com a missão de ser o melhor integrador e o maior agente econômico do ecossistema brasileiro de Startups.

Thiago Nascimento e Francine Hudson de frente a balcão da StartSe utilizado no credenciamento dos participantes

O evento

O Sillicon Valley Conferece é o maior evento de inovação e futuro feito no Brasil sobre o Vale do Silício. Uma excelente oportunidade para experienciar de perto este espírito disruptivo e conhecer os segredos que transformam Startups nas empresas mais valiosas do mundo.

Estrutura

Com organizadores espalhados por todos os cantos, foi extremamente fácil encontrar o caminho das pedras. O credenciamento inclusive merece destaque: extremamente eficiente!

O local dispensa comentários, com capacidade superior a 2 mil pessoas, o Golden Hall do WTC Events Center (São Paulo / SP) dispõe de uma estrutura e arquitetura fantástica, além de ficar estrategicamente localizado em um complexo hoteleiro. Com um palco ‘360º’, quatro enormes telões dispostos logo acima e um som de altíssima qualidade, a sensação de imersão foi incrível!

Estrutura de ferro grande com iluminação colorida, vermelha e azul, um enorme telão sobre os convidados e mais de 2.000 participantes em volta

Os restaurantes do complexo, localizados no Shopping D&D, infelizmente não suportaram a demanda para o almoço e vários participantes optaram (fui um deles) por locais nas proximidades. Infelizmente não tive uma boa experiência já que a maioria dos restaurantes da região fecham aos finais de semana e os abertos, tinham longas filas de espera. O tempo para almoço foi relativamente curto e acabei perdendo parte de uma apresentação.

Apresentações

Bem-vindos ao Vale do Silício
Por Mauricio Benvenutti da StartSe

Sabe quando você percebe paixão pelo que faz? Foi exatamente assim que o Mauricio Benvenutti nos deu boas vindas ao evento e apresentou com maestria como as empresas estão reinventando a forma de usarmos os produtos.

Vários participantes sentados olhando para Mauricio Benvenutti no centro do palco, realizando sua apresentação

Mobility
Por Ryan Bethencourt, CEO da Wild Earth e Partner da Babel Ventures

Ryan é um empreendedor de respeito, investidor e inclusive tem como um de seus parceiros o incrível (mito) Jeff Bezos. Ele apresentou seu incrível portfolio de investimentos na área de biotecnologia, as chamadas BioTechs, que pretendem revolucionar nossas vidas. Um exemplo é o Cue, um dispositivo criado para monitorar informações sobre nossa saúde a nível molecular. Atualmente o dispositivo já possibilita, em alguns minutos, monitorar níveis de 5 indicadores: inflamação, vitamina D, fertilidade, gripe e testosterona.

Ryan Bethencourt ao centro do palco, de terno claro, explicando sobre a startup Memphis Meat

Inteligência Artificial (AI)
Por Paul Bommarito, VP da NVIDIA

O vice-presidente da NVIDIA apresentou a Inteligência Artificial como a próxima era da computação. A empresa, líder na área, trabalha na evolução de plataformas de inteligência artifical e processadores gráficos, tornando-os cada vez mais eficientes, portáteis e acessíveis.

Atualmente há processadores capazes de avaliarem mais de 7.000 imagens por segundo. Toda essa tecnologia está por trás de grandes de grandes inovações, tais quais os carros autônomos e vários projetos com Deep Learning, utilizados pelas gigantes Alibaba, Amazon, Google, IBM e Microsoft.

Paul Bommarito abaixo do telão com slide falando sobre o cérebro dos carros autônomos

What is innovation for Silicon Valley
Por Cristiano Kruel, head de inovação da StartSe

O simpático Kruel nos mostrou que inovar é preciso e cada vez mais rápido! Vivemos gerações e eras cada vez mais curtas onde o que era futuro, num piscar de olhos vira passado e o Vale do Silício é um dos grandes, se não o principal, agente de mudança neste cenário.

Resumido em 5 pontos, nos imergimos no Vale do Silício:

  1. Diversidade Cultural: tenha times globais para se ter um produto com abrangência global.
  2. Ciência de Gestão: há novas formas de pensar e trabalhar representado pelas StartUps, é um novo mindset, aliando know-how, rebeldia e capital, criando produtos inovadores e uma nova (e mais forte) economia.
  3. Modelos de negócios disruptivos: pense diferente, de forma inovadora e com um objetivo comum: evoluir e mundar o mundo.
  4. Tecnologias mágicas: aposte nas possibilidades do impossível, isto é mágico! O futuro tem se mostrado com Inteligência Artificial, Machine Learning, Deep Learning. Aposte nessas tecnologias como a nova eletricidade!
  5. Educação a vida toda: “educação muda pessoas e pessoas mudam o mundo. Nunca pare de estudar e reinventar!

Cristiano Kruel no centro do palco apresentando um slide sobre mindset e toolset

Alumni StartSe e Equipe StartSe
Por Alessandra Morelle, médica oncologista no Hopsital Moinhos de Vento e Rodrigo Vieira, partner da Tozzini Freire

Relato de dois brilhantes profissionais que vivenciaram o Vale do Silício de perto e uma frase, dita pelo Rodrigo, resume muito bem: “Se não quer ver estrelas, não olhe para o céu.” Ele descreveu o Vale do Silício como um ecosistema absolutamente receptivo a inovações onde todos os ambientes são estrategicamente criados de forma a incentivar e cultivar novas ideias. Onde a transformação é real! Não basta parecer, tem que ser.

Após a imersão, Rodrigo trouxe um novo propósito para a até então, tradicional empresa de advogados, transformando todo o ecossistema numa organização mais aberta, com linguagem mais simples e direta, mais atônoma e colaborativa. Os ganhos, segundo os relatos, são imensos, uma verdadeira inovação no processo de colaboração, compartilhamento de informação e aproveitamento máximo do potencial riquíssimo da relação inter-geracional.

Alessandra, médica oncologista, disse que tinha uma inquietação muito grande por acomparanhar os pacientes de uma forma mais ativa no dia a dia. Sempre que comentava sobre esta necessidade era orientada a manter o tradicional modelo de atendimento. Após experienciar o Vale do Silício, por somente uma única semana, mudou sua forma de pensar. Não guardou mais as ideias para si, pelo contrário, resolveu compartilhar e quanto mais se compartilha, mais insights e mais oportunidades. Criou então o aplicativo Tummi (nome do Deus Inca da medicina) e vem se reinventando a forma de lidar com seus pacientes.

Alessandra Morelle de pé explicando sobre seu aplicativo Tummi, enquanto o mesmo é exibido no telão

Creativity
Por Sally Dominguez, pesquisadora da Stanford University e fundadora Adventures Thinking

Falando sobre inovação e criatividade, Sally trouxe pensamentos e frases de impacto. Ela é a criadora do Adventurous Thinking, uma espécie de processo criativo que promove a inovação, tornando sistemas, produtos e estratégias mais robustas e sustentáveis.

  • “Nós não podemos resolver problemas com o mesmo tipo de pensamento que utilizamos para os criar” Albert Einsten.
  • A inovação faz conexões inesperadas.
  • Curiosidade = inovação. Cresça ativando seu potencial de inovação.
  • “Imaginação é mais importante que conhecimento. O conhecimento é limitado. A imaginação circunda o mundo.” Albert Einstein.
  • A normalidade é uma ilusão. O que é normal para uma aranha pode ser o caos para uma mosca. Se você enxergar sua vida sob outras perspectivas, terá novas compreensões e possivelmente, uma série de novas soluções.
  • A criatividade vem antes da necessidade de investimento. Em outras linhas, leio como: tente, faça protótipos, arrisque, aposte! Afinal, “Não há nada aparente em uma lagarta que diga que ela se transformará em uma borboleta” Buckminster Fuller.
  • É fora da sua zona de conforto que a mágica acontece!
  • “Cair não é um fracasso. O fracasso vem quando você fica onde você caiu” Socrates.
  • “Não seja limitado pela sua realidade atual”. Leonardo da Vinci.

Mãos à obra?

Sharing Economy
Por Diogo Ruiz, CEO e fundador da Bluezup

Apresentado como um prodígio da publicidade, afinal, a produtora qual co-fundou ganhou nada mais que 16 lions, incluindo o Titanium, que premia as ideias mais inovadoras e audaciosas da comunicação, Diogo entrou em cena e de forma irreverente contou como sua StartUp, a Bluezup, surgiu. Durante uma viagem a Santiago, resolveu esquiar mas aproveitando as roupas que tinha, só faltou a bota. Como um item tão caro, seja para comprar ou alugar, não deveria ser mais acessível? Dizem que a ocasião faz o ladrão, neste caso, o empreendedor.

A história cativa e reforça:

  1. Seja inquieto: a cada dia se desafie a ter ideias melhores do que as que você teve ontem;
  2. Seja diferente: use a sua criatividade para melhorar o que não está legal e para fazer acontecer o que parecia impossível.

Através da Bluezup você pode alugar um produto e testá-lo por três dias, sem compromisso. Se gostar, o valor do aluguel vira desconto na compra.

Sofá do Vale
Por Nathália Médici, Gerente de Negócios na StartSe e Plinio Targa, CEO da Braincare

Como uma conversa descontraída de sofá, conduzido pela Nathália, conhecemos a inspiradora história de Plinio Targa, que largou uma carreira sólida de executivo para se aventurar no mundo do Vale do Silício, com a inovadora Braincare e seu novo método para monitorar a pressão intra-craniana.

Plinio nos contou que para o monitoramento, atualmente é necessário fazer um furo na cabeça do paciente e inserir um sensor que capta a informação. Através do avanço tecnológico, a Braincare criou um novo método onde o sensor é apenas encostado na cabeça do paciente, simples como colocar uma fita ou tiara, e a informação é gerada, podendo ser visualizada inclusive em um telefone celular.

Simplesmente fantástico!

Plínio Targa de pé com a cinta na cabeça, exibindo o resultado da medição em tempo real através de seu celular

O Futuro do Trabalho
Por Felipe Lamounier, partner da StartSe

Há uma canção do Titãs em que diz: “O futuro é hoje, cabe na mão”. Ilustra muito bem a apresentação de Felipe, repleta de dados e informações fantásticas que mostram o impacto do advento tecnológico no futuro dos empregos, destacando a Inteligência Artificial.

Slide a slide, fomos apresentados aos novos profissionais, máquinas automatizadas que fazem os trabalhos de operários fabris, construtores, arquivistas, estivadores, policiais, seguranças, entregadores, motoristas, trabalhadores agrícolas, advogados, cozinheiros e até músicos.

Probabilidade dos robôs roubarem o seu trabalho nos prórimos 20 anos:

![Slide mostrando a probabilidade dos robôs roubarem o seu trabalho nos próximos 20 anos”><figcaption>Crédito: slide retirado da apresentação (Felipe Lamounier / O fuguro ]

(/assets/imgs/silicon-valley-conference-2018/keynote-probabilidade-robos.jpg)do trabalho)</figcaption>

Claro que é estranho saber que nós mesmos estamos criamos máquinas que nos substituirão. E aí nos perguntamos: estamos loucos? Entram-se então pontos que as máquinas possivelmente não serão capazes de nos substituir: fazer com amor, ter empatia, ser criativo e ter pensamento crítico.

É importante pensarmos fora da caixa, ter a mente aberta e saber que essas máquinas, em sua maioria, apenas substituirão atividades que são possíveis de serem substituídas. Dessa forma, precisaremos cada vez mais nos reinventarmos e com isso, teremos novas atividades, novos empregos.

O Fórum Econômico Mundial estima que 33% dos empregos de 2020 não existem ainda.

“Inovação é a habilidade de ver a mudança como uma oportunidade, não como uma ameaça.” Steve Jobs

Felipe Lamounier no centro do palco apresentando o slide que mostra a probabilidade dos robôs roubarem nosso trabalho nos próximos 20 anos

The future of mobility
Por Steven Choi, líder de carros autônomos no Uber

Chamado ao palco como um dos maiores, para não dizer o maior, conhecedor da área de veículos autônomos, o japa Steven Choi (ex-Google) subiu ao palco para nos mostrar que o futuro dos automóveis autônomos já é realidade!

Steven mostrou detalhes da tecnologia e a inteligência envolvida nos carros autônomos do Uber que permitem percepções além de nossas possibilidades enquanto humanos. Um exemplo mostrado foi através de sensores, saber se há carros se aproximando na próxima via, o que não seria possível ser percebido a olho nu. Outra tecnologia, a “visualização ML” permite uma percepção periférica 10x maior que a dos humanos.

Toda a tencologia é testada nos mínimos detalhes e de forma exaustiva para não haver possibilidades de erros.

Um momento marcante foi após Steven ressaltar que cada vez mais será comum vermos inovações e tecnologias disruptivas mudando nossa forma de interagir com o mundo e nos provou ao pedir para a platéia levantar a mão quem foi ao evento de ônibus, logo depois, de metrô ou trem, dirigindo o próprio veículo e ao fim, quem foi através de Uber e, neste momento, uma maioria esmagadora levantou a mão, comprovando o que foi dito.

Steven Choi no centro do palco apresentando slide sobre os carros autônomos do Uber

Longevity
Por Carolina Oliveira, fundadora e CEO da OneSkin

Da academia para o mercado, de Minas para o Vale do Silício e além, a PhD Carolina Oliveira trabalha na revoução da longevidade através de diversos estudos e sua real aplicação, surgindo a OneSkin.

Inicialmente o objetivo era reconstruir a pele humana em laboratório de forma substituir os testes em animais e oferecer resultados mais robustos à indústria. Ao vivenciar o Vale do Silício, foi possível entender que a demanda do mercado ia além. Todo o modelo de negócio foi repaginado de forma a se tornar a primeira empresa capaz de quantificar os efeitos rejuvenescedores da pele, utilizando o sequenciamento de DNA. Isto os coloca como a primeira empresa capaz de medir a real eficácia de produtos rejuvenescedores, um mercado poderoso e promisssor. Toda esta tecnologia possibilitou também a expansão para o próprio desenvolvimento de cosméticos rejuvenescedores, originando a OneSking Health.

É incrível entender como o advento da tecnologia nos possibilitará envelhecer melhor e tão gratificante saber do envolvimento de brasileiros nestes pioneiros projetos.

Moonshot
Por Fábio Teixeira, co-fundador da Hypercubes

Fechando o evento com uma apresentação brilhante, Fábio nos mostrou que por trás de grandes sucessos no Vale do Silício, há também muito suor derramado. Uma história fantástica de abdicação e superação.

Fábio lutou muito por uma bolsa na Singularity University, sediada no campus de pesquisas da NASA, na Califórnia, tendo de abrir mão do convívio diário de seu filho, pedalando cerca de 50km/dia para economizar no traslado e ainda morar de forma improvisada na sala de um amigo que lhe cedeu o espaço. Resumiu com uma frase fantástica: “todo mundo quer ir para o céu, mas ninguém deseja morrer” (Everybody wants to go to heaven, but nobody wants to die).

Toda essa dedicação é para a realização de um grande sonho, projetar ao espaço, literalmente, a HyperCubes, empresa qual fundou, desenvolvedora de satélites assistidos por inteligência artificial capazes de detectar a composição molecular de objetos na Terra, observados do espaço. Uma tecnologia capaz de mudar vários setores da economia, incluindo a produção de alimentos. Segundo o fundador, a tecnologia possibilitará diversos tipos de monitoramento, tendo forte aplicaçao na agricultura de precisão, medindo por exemplo, o nível de fertilidade do solo, doenças, espécies invasivas, necessidades de nutrientes e muitos outros fatores capaz de aumentar significativamente a produção de alimentos com menor impacto ambiental.

Para fechar com chave de ouro, a máxima: “só podemos melhorar aquilo que podemos medir” (We can only improve what we can measure).

Alguns vídeos de inovação apresentados

Blue River - Tecnologia de precisão no uso de fertilizantes e insumos agrícolas


Lime Bike - Compartilhamento de bicicletas georeferenciadas


DRU Drone by Flirtey - Primeiro delivery de pizzas utilizando-se de drones


Starship - O primeiro robô delivery de comidas


Moley Robotics - O robô chefe de cozinha


Waymo - Carros autônomos


Embark - Caminhões autônomos


Conclusão e insights

Foi fantástico acompanhar brilhantes profissionais contando experiências de onde nascem muitas ideias do amanhã, o Vale do Silício. Me fez realmente pensar fora da caixa e abrir ainda mais os olhos para a inovação.

Alguns insights marcantes quais não podemos fechar os olhos:

  • É impressionante como empresas recém criadas valem muito mais que empresas com mais de 50 anos de atuação, esse cenário tem sido cada vez mais comum e a tendência é aumentar.
  • Esteja atento a estes 3 alicerces mágicos das grandes empresas que tem tomado o mercado com tecnolgias disruptivas: capital, conhecimento e rebeldia.
  • Entenda a diferença entre “conformidade” e “originalidade”. Vivemos uma espécie de nova geração e precisamos nos reinventar!
  • Não devemos temer a evolução da tecnologia e sua ‘desempregabilidade’. Na realidade é tudo uma questão de perspectiva, a tecnologia substituirá vários de nossos empregos, porém, essa evolução permitirá a geração de vários outros.
  • Tecnologias poderosas, que só governos, corporações e bilionários tinham aceso, hoje estão disponíveis a qualquer um. Aproveite!
  • Hoje você promove um negócio no mundo com os mesmos recursos usados há 10 anos para promovê-lo em sua cidade.

Cada vez mais rápido as empresas tem nascido e crescido.
Cada vez mais rápido as empresas deixam de estar no cenário.
Cada vez mais rápido as pessoas absorvem tecnologias e inovações.
Cada vez mais rápido está o custo da transmissão de dados, da computação…etc
Quem não se reinventar, morrerá no tempo.

E você, o que está fazendo para reinventar-se?