Agile Trends 2017: eu fui! Resenha sobre o evento.

Durante os dias 12 e 13 de abril participei em São Paulo (SP) do Agile Trends 2017, a principal conferência sobre tendências em agilidade do Brasil, reunindo os maiores especialistas e formadores de opinião da área.

Há 4 anos imerso em culturas ágeis onde trabalho, foi o primeiro evento qual participo específico do tema e confesso que estava ansioso para ouvir as experiências ‘do mundo de lá’ e compartilhar as ‘do lado de cá’.

Estávamos em 4 colegas de trabalho, representando a FUNDECC/UFLA. Nos acomodamos no hotel The Landmark (e recomendamos!), com excelente localização e bem próximo ao local do evento, no Centro de Convenções Rebouças. Sou suspeito para falar já que gosto tanto de São Paulo, mas ficamos próximos de excelentes restaurantes e ainda do famoso Pub O’Malley’s (que é claro que não deixamos de beber um chopp gelado por lá).

Na foto, da esquerda para a direita: Vicente Silva, Antônio Couto, Elias Lasmar e eu (Thiago Nascimento).

O evento contou com uma programação extensa e dividida em 4 trilhas por dia, sendo:

  • Agile Coaching
  • Agile em Grandes Empresas
  • Agile UX
  • Comunidade e Early Adopters
  • Cultura, Esquipes e Gestão de Pessoas
  • Data Analytics
  • DevOps
  • Gestão de Produtos

Cada participante tinha a liberdade em escolher e participar das palestras que mais lhe interessavam, de acordo com as trilhas e disponibilidade.

Haviam também dinâmicas como o interessante FishBowl, onde o público participa ativamente das discussões e compartilha conhecimentos e experiências entre todos os presentes.

Das palestras que participei, destaco:

Design e Agile - Esqueceram de combinar com os russos

Palestrantes: Fabrício Dore (McKinsey) e Paola Mouro (McKinsey)

Fabrício Dore e Paola Mouro apresentando Design e Agile

Use e abuse de artefatos visuais (user journeys, roadmaps, flowmap, quem é quem) nas salas de criação e desenvolvimento, eles estimulam a criatividade, facilitam o entendimento e geram melhores resultados.

Envolva todos no objetivo da criação, do cliente ao usuário.

Force o time a chegar a resultados concretos para acelerar o trabalho.

Envolva o designer ao máximo, quando ele acompanha todo o processo de desenvolvimento, os resultados são otimizados.

Trabalhe sempre com bibliotecas de design, desde o primeiro dia do projeto.

Os níveis de maturidade em relação ao envolvimento do time de designer com o time de desenvolvimento:

  1. Throwing grenades: design e desenvolvimento desconexo e desincronizado
  2. Feeding the beast: time de design um passo a frente do time de desenvolvimento
  3. Design facilitations: time de design e time de desenvolvimento conexos e síncronos.

Agile & UX - O despertar da força

Palestrante: Giu Vicente (Softexpert)

Giu Vicente e sua apresentação Agile & UX

User Experience Design precisa abranger todos os aspectos de interação entre um produto e as pessoas (seus usuários).

A mudança para o Agile dentro das organizações significa mudança de cultura, e cultura não se muda da noite para o dia.

Frase de impacto: fail fast, learn faster (falhe rápido, aprenda mais rápido ainda).

Sempre trabalhe com métricas (data-driven), tomar decisões em cima de dados reais (e não suposições) é sempre mais assertivo.

Como gerenciar vários projetos dentro de um time ágil

Palestrante: Leonardo Monteiro (Globosat)

Crie um Product Backlog para a “alta gestão” e realize encontros com os mesmos periodicamente, possibilitando-os de forma visual acompanhar o andamento dos projetos e ainda, decidir - de forma conjunta - as prioridades a serem atacadas.

As prioridades são dadas em razão do “valor vs. complexidade”, sempre alinhadas à visão da organização.

Design Thinking + Agile = Melhores experiências

Palestrante: Gustavo Oliveira (TOTVS)

Os 4 pilares do Design Thinking na TOTVS: (1) Research, (2) Solution Design, (3) Education & Cultura e (4) Visual Guidance.

Não entregue “featurites”, entregue valor! As funcionalidades devem vir em razão dos objetivos do produto e não o contrário!

Design Thinking: interseção entre negócios, tecnologia e pessoas.

Processo do Diamante Duplo:

  1. Pesquisa: aprenda com as pessoas
  2. Análise: encontre padrões
  3. Ideação: gere novas ideias
  4. Prototipação: teste as ideias, colete feedbacks e itere constantemente.

Agile em escala é possível

Palestrante: Rodolfo Linhares (IBM)

Rodolfo Linhares apresentando Agile em escala é possível

Princípios ‘Agile’ da IBM: (1) Clarity over certanty, (2) Innovation for everyone over selected few, (3) Course correct over perfection, (4) Talent density over process density e (5) Empowered teams over command & control.

Autonomia para as equipes estimula a criatividade e maturidade.

Frase: Find the best team and scale!

Desafios e dificuldades na jornada de adoção do ágil em uma organização de grande porte como o Itaú

Palestrante: Edson Portilho (Itaú) e Cecilio Cosac Fraguas (Itaú)

Edson Portilho e Cecilio Cosac apresentando Desafios e dificuldades na jornada de adoção do ágil em uma organização de grande porte como o Itaú

Benefícios de times estáveis:

  • trabalham por um propósito único
  • times são perenes
  • projeto é encaminhado ao time

Identifique as ilhas de talentos, equipes que aplicam métodos diferentes das demais equipes, aquelas que performam ‘fora da curva’ e multiplique-as a toda organização.

Aprendizados levantados pelos palestrantes:

  • maioria dos casos de sucesso utilizaram-se do conceito de time inteiro
  • times estáveis possui um propósito único
  • não é possível ignorar o ambiente
  • estimule a boa convivência
  • estimule a liderança e o engajamento
  • utilize Lean para ajudar nos outros aspectos não cobertos pelo Agile

No debate ao final da palestra, compartilharam os seguintes insights: (1) não se justifica a utilização de SCRUM em times muito pequenos, exemplo disso é a desmotivação em seguir os ritos e sua inefetividade para tão poucos e (2) não se justifica times muito grandes, eles se tornam pretensiosos e os resultados na maioria das vezes são falhos.</p>

Outros aprendizados e insights

O que motiva uma pessoa não necessariamente a desmotiva se retirada. E o que a desmotiva, não necessariamente a motiva caso aplicada. Veja mais sobre “A Teoria dos Dois Fatores”, desenvolvida pelo americano Frederick Herzberg, publicada em seu livro “A Motivação para Trabalhar” (The Motivation to Work).

Segundo a discussão, é responsabilidade da organização remover o que “desmotiva” ou torna seus colaboradores “menos produtivos”. Enquanto é responsabilidade do gestor/líder, motivar as pessoas e torná-las mais produtivas.

Um líder deve ‘personalizar’ o seu trabalho para entender as pessoas e saber como motivá-las. E isto é, sem dúvida, um grande desafio!

Comando e controle é ambiente/cultura militar. Provavelmente não funcionará bem em times ágeis!

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”. (Carl G. Jung)

O momento em que um novo colaborador entra na organização é super importante. Colaboradores em seu primeiro dia de trabalho geralmente estão no seu momento de maior motivação e é o momento em que ele formará sua opinião sobre a empresa. Se ele entra e a casa está desorganizada, os efeitos colaterais podem ser grandes.

Não espere o treinamento da empresa, não espere a motivação da empresa, não espere a ação de seu próximo, não espere… Busque o protagonismo, seja líder, seja o agente de mudança!

Menos “Work Hard” (trabalho duro) e mais “Work Smart” (trabalho esperto / inteligente).

Co-criação é fundamental para o sucesso do projeto!

Não confunda agilidade com velocidade. Não confunda maratona com 100 metros rasos.

Pontos fortes do evento

Pessoas reunidas na abertura do evento.

  • Local: o Centro de Convenções Rebouças além da excelente infra-estrutura, com salas espaçosas e confortáveis, está localizado no coração de São Paulo, na confluência das avenidas Paulista, Rebouças e Dr. Arnaldo, com fácil acesso via metrô, estando a 300m da estação Clínicas.
  • Trilhas: a divisão dos assuntos em trilhas permitiram que os participantes participassem das talks de acordo com seu interesse. Mesmo durante a apresentação, o participante tinha a liberdade em trocar de sala caso optasse por outra trilha.
  • Palestrantes: o evento contou, em sua maioria, com palestrantes experientes e que com boa desenvoltura, levaram conteúdos ricos e apresentações bem elaboradas. Um ponto que todo ‘bom espectador’ anseia!
  • Início do evento com Coffee-break: apesar de termos tomado café no hotel, vi muita gente feliz por chegar no evento e ainda poder ‘fazer uma boquinha’ com os comes e bebes disponíveis! Ainda mais em São Paulo (capital) onde a vida é tão corrida e muita gente precisa sair cedo de casa.

##Pontos a serem melhorados do evento

  • Credenciamento: mesmo com um contingente relativamente satisfatório empenhados na organização, o atendimento pode ser melhorado. No primeiro dia de evento, já na entrada formou-se uma fila relativamente grande e com baixa vazão. Eu mesmo precisei passar por 3 pessoas até conseguir efetivar meu credenciamento. (Não seria contraditório para um evento de Agile?)
  • Organização e pontualidade: algumas apresentações, por razões diversas (em principal, organização) não respeitaram o tempo definido e toda a programação começou a ser comprometida: em vários momentos pode-se perceber participantes que ao tentarem trocar de trilha, não conseguiram realizar a entrada em outra (na maioria por questões de lotação) e não receberam uma assistência da organização. É importante deixar registrado que a organização deu maior atenção à questão no segundo dia, melhorando a pontualidade.
  • Evento precedente a um feriado: em razão do feriado na sexta-feira (e por morarmos longe, no interior de MG), vários colegas deixaram de ir e nós, que formos, tivemos de sair mais cedo na quinta-feira a fim de evitar trânsito, o que nos custou abrir mão da Super Keynote (ainda assim levamos boas horas no trânsito até conseguir sair da cidade).
  • Wi-fi: não consegui me conectar às redes encontradas e nem encontrei informações sobre “disponibilidade de Wi-Fi”. Considerando que estávamos em horário comercial e fora do ambiente de trabalho, uma boa conexão à internet para muitos é necessidade. Claro que a rede móvel salva (3G/4G), mas em eventos relacionados à tecnologia, um bom wi-fi é sempre bem-vindo! #ficaadica</li>

Conclusão

Conhecer as experiências de outros profissionais, entender o cenário de outras organizações, partilhar ideias e práticas com pessoas de todos os cantos do Brasil em um único evento é simplesmente fantástico. O Agile Trends 2017 foi um evento que me proporcionou todos esses pontos e valeu muito a participação!

E você? Foi no Agile Trends? Compartilhe com a gente sua experiência!

Que venham os próximos…